Manuscritos do Mar Morto, mais antigos do que se achava

Manuscritos do Mar Morto, mais antigos do que se achava

Descoberta coloca fragmentos em proximidade temporal com autores bíblicos e repercute entre teólogos

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Um estudo internacional divulgado nesta semana aplicou inteligência artificial à análise dos Manuscritos do Mar Morto e revelou que muitos desses textos são, na verdade, entre 50 e 150 anos mais antigos do que se pensava.

A pesquisa, liderada por cientistas da Universidade de Groningen, nos Países Baixos, combinou análise paleográfica automatizada com datação por radiocarbono. Os resultados sugerem que certos fragmentos podem ter sido redigidos entre os séculos III e II a.C., época tradicionalmente associada à origem dos próprios textos bíblicos.

Batizado de “Enoch”, o sistema utiliza regressão bayesiana para estimar datas com uma margem de erro de cerca de 30 anos. Ele funciona a partir da análise de imagens digitais dos manuscritos, o que elimina a necessidade de manipulação física e preserva os documentos originais.

Entre os exemplos mais significativos está o fragmento 4QDaniel, do Livro de Daniel, que teria sido escrito entre 230 e 160 a.C. Outro caso relevante é o 4QQohelet, do livro de Eclesiastes, datado do século III a.C.

Essa nova cronologia desafia pressupostos estabelecidos nos estudos bíblicos, aproximando os manuscritos da época estimada de sua composição original.

Gareth Wearne, pesquisador da Universidade Católica Australiana, destacou que os achados “podem transformar nossa compreensão sobre a história dos Manuscritos do Mar Morto”.

Tradição textual

Entre os católicos, a descoberta tem sido vista como uma confirmação concreta da fidelidade da tradição textual. O portal CathNews chegou a classificar os manuscritos como “as cópias mais antigas ainda existentes de textos bíblicos”.

Para a tradição católica, a possibilidade de que esses documentos tenham sido escritos no mesmo período em que ocorreram os eventos teológicos narrados reforça a credibilidade histórica da revelação.

Preservação

A tecnologia utilizada também é elogiada por sua contribuição à preservação dos manuscritos. Como não exige cortes físicos para a datação, ajuda a manter os documentos intactos.

Lambert Schomaker, coautor do estudo, ressaltou que a ferramenta trabalha exclusivamente com imagens digitalizadas, evitando qualquer risco de dano ao material original.

Créditos: Revista Crusoé

Imagem da Galeria Divulgação
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